7 de abril de 2008

A ciência e as fronteiras da vida

No dia 11 de Fevereiro de 2007, foi colocada em referendo aos portugueses a seguinte pergunta:
Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?


O debate foi vivo e foram esgrimidos “argumentos científicos” a favor e contra. Mas o que é exactamente um “argumento científico”? Será um argumento científico suficiente para suportar uma tomada de decisão com consequências éticas?
“Poucos problemas éticos são hoje objecto de uma luta tão acesa como o aborto e, embora o pêndulo tenha oscilado para ambos os lados, nenhum deles teve grande êxito em modificar a opinião dos seus oponentes. (…)
O aborto e as experiências destrutivas com embriões levantam questões éticas diferentes porque o desenvolvimento do ser humano é um processo gradual. Se tomarmos um óvulo fertilizado imediatamente após a sua concepção, é difícil ficar perturbado com a sua morte. O óvulo fertilizado é uma única célula. Vários dias depois não passa ainda de um minúsculo aglomerado de células sem nenhuma característica anatómica do ser em que se virá a transformar. As células que virão a formar o embrião são nesta fase indistinguíveis das que irão formar a placenta e o líquido amniótico. Até cerca de 14 dias após a fertilização não se pode sequer saber se o embrião irá dar origem a um ou dois indivíduos (…). Aos 14 dias surge a primeira característica anatómica, a chamada linha primitiva, na posição em que mais tarde se desenvolverá a coluna vertebral. Neste momento, o embrião não pode ter consciência nem sentir dor. No outro extremo situa-se o ser humano adulto. Matar um ser humano é assassínio (…). Contudo, não existe uma linha divisória nítida que separe o ovo fertilizado do adulto.”

Peter Singer – “Ética Prática”


Ou será que existe? O que nos pode dizer a ciência sobre isto? Qual a validade de algumas fronteiras tradicionais (nascimento, viabilidade extra-uterina, primeiros movimentos, consciência)? Qual o significado científico do limite das 10 semanas? O que torna um argumento “científico”? A “pílula do dia seguinte” é um método abortivo?

10 comentários:

Paula_ Lima disse...

O limite das 10 semanas é no meu ponto de vista a fronteira final no que se considera uma mistura de células e um feto formado. Cientificamente está demonstrado que um feto com 10 semanas tem as suas estruturas formadas inclusive, no caso do sexo feminino os ovários. É neste momento, que o feto começa a desenvolver os seus primeiros movimentos como o fechar e abrir das mãos e da boca. Começa então a sentir estímulos exteriores e até a dor.
Apesar de a ciência estabelecer um prazo de10 semanas para a realização do aborto e de nos fornecer factos realistas e comprovados, não resolve tudo, visto a nossa ética moral e social pesar muitas vezes mais que qualquer facto científico, tornando desta forma definir concretamente a barreira entre embrião e feto. Tudo pesa no julgamento desta decisão pessoal, devido à nossa educação, à sociedade em que estamos integrados e até a nossa própria consciência. A ciência pode-nos ajudar informando-nos de todos os factos e explicando-os pormenorizadamente, mas a decisão final sobre a decisão do aborto é tomada de acordo com a consciência de cada um.
Paula Lima

Unknown disse...

Eu sou contra a despenalização do aborto, pois é um pequeno ser indefeso que é torturado sem culpa alguma da sua existência.Defendo que hoje em dia existem diversos métodos anticoncepivos, e alguns deles são distribuidos gratuitamente. Fala-se de 10 semanas em que é permitido abortar, defende-se q o feto é insensível, mas cientificamente não está bem comprovado,para além disso existem outros factores que vão além da ciêcia.O que é a ciência comparada com o lado humano da questão?
Deixo aqui uma pequena informação do desacordo científico, retirada da wikipédia:
Dor do feto
A existência ou ausência de sensações fetais durante o processo de abortamento é hoje matéria de interesse médico, ético e político. Diversas provas entram em conflito, existindo algumas opiniões defendendo que o feto é capaz de sentir dor a partir da sétima semana enquanto outros sustentam que os requisitos neuro-anatómicos para tal só existirão a partir do segundo ou mesmo do terceiro trimestre da gestação.
Os receptores da dor surgem na pele na sétima semana de gestação. O tálamo, parte do cérebro receptora dos sinais do sistema nervoso e que liga ao córtex cerebral, forma-se à quinta semana. Todavia, outras estruturas anatómicas envolvidas no processo de sensação da dor ainda não estão presentes nesta fase do desenvolvimento. As ligações entre o tálamo e o córtex cerebral formam-se por volta da 23ª semana [9]. Existe também a possibilidade de que o feto não disponha da capacidade de sentir dor, ligada ao desenvolvimento mental que só ocorre após o nascimento.

Teresa Branco

Unknown disse...

Os defensores do aborto têm uma decisão difícil perante a posição tomada em relação aposição adversária, sem a poder negar directamente. Assim, recorrem as dúvidas teóricas, como por exemplo a discussão académica sobre o momento em que o novo ser começa a ter uma alma ou dados práticos como seja o período em que o feto ainda não tem órgãos diferenciados, ou não tem sistema nervoso, ou actividade cerebral, etc.
Sendo um dos argumentos mais incisivos que até às 10 semanas o feto não acusa nada num electro-encefalograma, e que esse é o modo de detectar a morte cerebral nos doentes em unidades de cuidados intensivos e poder – se desligar a máquina. É evidente que a comparação não passa de um jogo de palavras uma vez que se tenha em conta a evolução natural dos dois casos.
Sendo de extrema importância a base científica no caso do aborto, por vezes não é esta que prevalece perante as decisões finais tomadas.

Cidália Leite & Helena Botelho

pintainho disse...

A minha opnião é contra. Nos dias de hoje há varios tipos de prevenção para evitar a gravidez, não desejada. Na pesquisa que realizei para fazer este comentário foi de que um fecto com dez semanas jÁ tem desenvolvido os seus traços faciais, membros, mãos,pés, dedos e unhas ja são formados.O sistema nervoso está receptivo e muitos dos orgãos internos a funcionar. Está provado cientificamente que existem efeitos psicologicos e fisicos depois de realizar um aborto.
mas cada pessoa tem a liberdade de optar independentemente do que diz a ciência acerca do aborto.

Carla Pinto

Cat disse...

Na minha opinião, a “pílula do dia seguinte” não é um método abortivo nem é propriamente um método contraceptivo, mas sim um recurso disponível se existir alguma falha na utilização de um método contraceptivo, e verificar-se a possibilidade de gravidez. (por exemplo: quando o preservativo se rompe). Desta forma haverá uma Inibição da ovulação e o espessamento do muco do colo do útero: barreira à passagem dos espermatozóides. Ao tomarmos esta atitude não chegamos ao extremo de abortar à décima semana quando o coração do bebé é muito parecido com o de um recém-nascido e que todos os órgãos do bebé já estão formados, precisando apenas de crescer.

Catarina Silva

Anônimo disse...

Independentemente se somos ou não a favor da lei do aborto, a ciência não chega para tomarmos uma decisão concreta. Embora a ciência nos possa mostrar o que acontece ao feto quando fazemos um aborto, isso não nos faz mudar de opinião, porque existem também alguns factores muito importantes cá fora, tal como se podemos ou não criar essa criança, se vem ou não na altura certa... mas também temos a lucidez que existem muitos contraceptivos mas nem sempre são 100% fiávies. Na nossa opinião que vota pelo sim,as 10 semanas são um exagero. Pensamos que visto que a lei está a favor do aborto, não será preciso tanto tempo para poder tomar uma decisão. Nas primeiras 4 semanas a mulher pode decidir pelo aborto sem afectar o feto que ainda não esta formado.

Liliana Isaac e Sandra Rocha

pequena rota disse...

Às 10 semanas de gestação, o embrião encontra-se praticamente todo formado (coração, pulmões, rins, fígado e intestinos) e a partir daí dá-se o início do período fetal. Cientificamente está provado que só a partir das 10 semanas de gestação é que haverá a maturação e o crescimento dos órgãos do bebé. Mas estará cientificamente provado que até às 10 semanas o embrião não sente dor? E se algum dia alguém conseguir provar que o embrião sente dor, mudará a opinião da maioria das pessoas?
Apesar de cientificamente termos acesso a grande parte da informação acerca deste assunto tão polémico, tudo depende da consciência de cada um, independentemente da raça, religião ou cultura.
Nós somos da opinião que a antiga Lei do Aborto estava correcta, porque já previa o aborto em certos casos (Ex: violação, má formação do feto, risco de vida para o bebé ou para a mãe, etc.). Esta nova Lei permite que qualquer pessoa em qualquer situação possa fazer um aborto, tornando-se assim o mais recente contraceptivo.
Nós pessoalmente somos contra a nova Lei do Aborto, porque somos a favor da Vida.

Carla Lourenço e Madalena Ferreira

Patlou disse...

Existe sempre ligação entre o ovo fertilizado e o adulto, a partir do momento em que o óvulo é fecundado, mesmo ainda sendo uma célula, já se tem conhecimento de que vai ser um ser humano, ou seremos nós tão insensíveis ao ponto de não pensarmos desta forma? A ciência diz que a concepção marca o início da vida de um ser humano – um ser que está vivo e que é membro da nossa espécie. A lei limita prazos para o aborto, até às 10 semanas, visto por este altura ainda não haver desenvolvimento de membros, tentando assim minimizar o sentimento de culpa. Mas o que é certo é que às 10 semanas o embrião já se encontra praticamente todo formado, (coração, pulmões, rins, fígado, intestinos) segundo investigações científicas.
Se a ciência é baseada em factos concretos, então também nos mostra que é cometido um crime perante o ser humano. A própria também diz que o embrião é um ser inteligente e muito mais complexo do que nós imaginávamos, e isto acontece na quinta semana de gestação.
Este tipo de decisão não pode ser tomada só na base científica, existem também valores morais que se baseiam na consciência de cada um.

Sandra Marques e Patrícia Loureiro

Unknown disse...

Eu concordo com a nova lei do aborto, porque penso que as mulheres devem ser livres nas escolhas que fazem.
Pessoalmente acho que nunca o faria,mas nunca podemos dizer nunca. Nunca sabemos o dia de amanha.
Penso que algumas mulheres recorrem ao aborto em último caso, ou porque foram violadas (já previsto na lei antiga), ou não têm condições financeiras, morais, psicológicas ou físicas para gera e criar aquela criança. O aborto deve ser legal(como é)porque assim as mulheres não correm tantos riscos de vida e têm um acompanhamento médico especializado. Por outro lado, existem outras mulheres que "usam o aborto como um meio contraceptivo", ou seja, têm uma vida sexual activa sem protecções (falando em adolescentes) e sem consciência dos riscos que podem correr, porque para além de engravidar podem também ficar infectadas com algumas doenças sexualmente transmissíveis.
A ciência veio revolucionar, "ajudar" em variadíssimas questões nomeadamente a questão do aborto. Primeiramente com métodos contraceptivos, dos quais, os mais falados são a pílula e o preservativo. Mas, por outro lado,algumas religiões não permitem o uso destes meios.
O conhecimento cientifico à cerca do aborto gera muitas discussões e controvérsias. A ciência veio ajudar a desvendar muitas questões com mais informação e esta só dá uma maior margem de manobra à mulher e ao mundo!

Andreia Martins

Unknown disse...

Aborto e Ciência

A questão do aborto é um tema que causa polémica na sociedade. Existem diversas opiniões no que se refere à prática do aborto, umas criadas com base em dados científicos e outras em questões morais. Deste modo a ciência torna-se um factor importante na tomada de certas decisões ou opiniões. Mas será que a ciência está presente em todas as nossas decisões?
Ao longo dos tempos a área científica tem vindo a desenvolver várias teses sobre o inicio da vida do ser humano. No século XIX descobriu-se que a partir da concepção tínhamos um novo ser humano e que, por isso, o aborto consistia em matar deliberadamente um ser humano inocente. Interessa, pois, saber se desde então foi feita alguma descoberta científica que anulasse ou questionasse as descobertas desse século.
Mesmo com os conhecimentos que nos são transmitidos pela ciência esta não nos transmite garantias a 100% relativamente a certas questões, uma delas é “Qual o limite das dez semanas?”. As opiniões divergem neste ponto, pois se sabemos que o desenvolvimento embrionário inicia no momento da fecundação e que a partir daí o embrião iniciará o seu processo de desenvolvimento, porquê que parte da população vota a favor de uma lei que permite á mulher a prática do aborto, desde que esta não atinja as dez semanas de gravidez?
Destas formas podemos constatar que por vezes as nossas decisões são tomadas, através de valores morais, éticos, interesses pessoais ou mesmo interesses económicos.

Susana Gomes
Diana Gomes